segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Alfabeto no 1º Ano

Ferramenta indispensável nas salas de séries iniciais, o alfabeto ajuda as crianças a tirar dúvidas sobre a grafia das letras com autonomia


          Quando li o artigo O alfabeto não pode faltar  da Revista Nova Escola, revi meus conceitos e percebi que mesmo que impiricamente havia coerência em meu trabalho no que diz respeito ao ensino do alfabeto. Desde que cursei pedagogia não via muito sentido em deixar a criança horas e horas pintando ou enfeitando letras sem informá-las para que elas realmente serviam. O simples treino do traçado não me chamava a atenção e imagina às crianças pequenas?
          E, foi assim que iniciei uma busca contínua sobre atividades que realmente dessem condições da criança entender a importância do alfabeto em seu cotidiano. Primeiramente coloquei como postura didática pessoal contextualizar as letras para então propor atividades com elas. Qual não foi a minha decepção. A maioria dos materias impressos que encontrei na época só traziam o aspecto gráfico a ser trabalhado. Mas, com um pouco de paciência encontrei na literatura infanto-juvenil diversos títulos que tratavam o assunto com muita propriedade; e hoje esses são distribuídos gratuitamente para as escolas públicas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Ministério da Educação (MEC).
          Nesta caminhada obtive grandes avanços ao deixar de lado práticas arraigadas e arriscar um novo olhar sobre o tema. Descobri que não é preciso ensinar os aspectos técnicos primeiro para depois ensinar como e onde se usa o alfabeto.
          Entendi que "[...] O alfabeto da classe é um companheiro permanente para quem ensaia os primeiros passos no universo da escrita". (RATIER, 2009, p. 1. Grifo Nosso.) Por isso, ele deve ser visto como material de apoio; se fazer presente desde o início do ano letivo, servir de material de consulta para quando os alunos não souberem grafar as letras e demais situações de escrita. Ainda segundo o referido autor:
Não espanta o consenso de que um alfabeto, organizado em cartazes ou painéis de tamanho razoável, deve estar presente em toda - sim, em toda - sala de alfabetização inicial. Afinal, ele é um precioso instrumento de consulta para as situações de escrita, uma das quatro situações didáticas mais importantes nesse processo (as outras três são a leitura pelo professor, a leitura pelo aluno e a produção oral com destino escrito, quando o professor atua como escriba). Se você leciona para pré-escola, 1º ou 2º ano, precisa dominar essas práticas. (2009, p. 1. Grifo Nosso.)
          Além do 1º Ano, sua presença é imprescindível em todas as outras salas dos anos iniciais do Ensino Fundamental, e sua construção e disposição requerem atenção. Quando bem construído possibilita que a sala de aula se torne num ambiente alfabetizador e ao ser colocado em lugar que a criança alcance permite autonomia e possibilidade de aprendizagem pelo toque. E,
Para que o alfabeto realmente ajude na compreensão do funcionamento da escrita, é preciso saber usá-lo. Isoladamente, ele não é nada além de uma lista de letras. Apenas mandar a garotada ler a sequência de A a Z não faz ninguém avançar na alfabetização. "Memorizar a ordem das letras é importante, mas esse saber deve ser acionado pelas crianças durante atividades de reflexão sobre a escrita", afirma Clélia Cortez, formadora do Instituto Avisa Lá, em São Paulo.

          Entender sua importância numa sociedade letrada é o que possibilita que a criança o enxerge-o em seu cotidiano e o signifique. Ao atribuir-lhe função social o professor torna o ensino interessante para ela. Porém é preciso lembrar que além da função e práticas sociais o aluno precisa ser informado a respeito dos aspectos técnicos das letras. Telma Weiz relata uma experiência muito interessante, que teve com uma garota repetente, sobre este tipo de informação:
Há muitos anos, em um trabalho de pesquisa, observei uma menina que estava repetindo a 1ª série havia cinco anos. A professora, naquele dia, apresentava à classe o alfabeto (para aquela aluna, pela primeira vez). A garota teve uma crise descontrolada de choro e, quando se acalmou, disse eu sempre saio da escola no meio do ano porque não consigo aprender as letras. Mas eu não sabia que eram tão poucas. Se eu soubesse, não teria ficado tanto tempo aqui até aprender. É uma informação simples, mas se não é dita, como ela vai saber? (apud ANDRADE, 2009)
          Apresentar o alfabeto inteiro aos alunos é uma forma de evitar que tal situação ocorra. Oportunizar-lhes o manuseio e o contato visual lhe dará segurança na hora de participar das atividades de escrita convencional. Ele deve ser afixado na parede em ordem, já que no cotidiano quando se trata de todas as letras juntas é assim que sempre elas são apresentas.
          Abro um parêntese, aqui, para dizer que o professor precisa dominar muito bem a grafia do alfabeto, sua ordem e suas formas de representação.
          E, assim transcrevo abaixo parte da reportagem citada no primeiro parágrafo, a qual nos ensina a construir um alfabeto para ser exposto na parede da sala de aula de alfabetização.
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O alfabeto deve ter letras de imprensa, sem decorações
Fonte: Nova Escola

Atenção, porém, antes de produzir o alfabeto da classe. Ainda são muito comuns os modelos que trazem as letras de A a Z decoradas, com figuras cuja inicial é a letra em questão. Assim, o B, por exemplo, vem adornado por uma asa de borboleta, com um contorno que se mistura ao da letra. Não é o ideal, pois a associação com desenhos confunde a criança. "Nessa fase inicial de aprendizado, ela imita a escrita e ainda não consegue determinar com clareza o que é central e o que é periférico, o que realmente faz parte da letra e o que é somente um enfeite. Por isso, qualquer elemento supérfluo acaba sendo reproduzido", argumenta Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA. O melhor é que o alfabeto seja composto de letras de imprensa maiúsculas, de contornos mais limpos e claramente identificáveis quando reunidos em palavras.

Depois que os pequenos já entenderam o que a escrita representa e como ela se organiza, aí, sim, você deve mostrar outros tipos de letra, como a de imprensa minúscula (o que vai ampliar a compreensão de livros, jornais, revistas e outros materiais impressos) e a cursiva maiúscula e minúscula (facilitando o contato com notas e bilhetes manuscritos e produções escolares). Novamente, essa etapa também pode se beneficiar da colaboração de um alfabeto pendurado na parede - dessa vez, um modelo um pouco mais sofisticado, com a letra maiúscula em destaque e os outros quatro tipos correspondentes logo abaixo.

Fonte:  RATIER, Rodrigo. O alfabeto deve ter letras de imprensa, sem decorações. In: O Alfabeto não Pode Faltar. Nova Escola. mar. 2009. p. 3. Disponível em:  http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/ele-nao-pode-faltar-427752.shtml?page=2
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Alfabeto Móvel
          Entre as várias possibilidades de trabalho com o alfabeto algumas se destacam e estas devem fazer parte das atividades permamentes do 1º Ano. Dentre elas, já foi citada o uso do alfabeto de parede e agora sugiro o Alfabeto Móvel; material permanente que pode ser construído pelo professor ou adquirido pelos pais ou pela escola. O interessante é que cada criança tenha um para manusear e que o professor construa alguns para serem usados coletivamente.
          Por ser um recurso muito importante para o início da alfabetização, ele pode ser confeccionado em: papel, EVA, madeira ou plástico. O importante é traçar objetivos para o seu uso. As crianças geralmente gostam muito de manusear as letras, testam a posição delas e se divertem quando descobrem que estas fazem parte do seu nome próprio e de seu cotidiano. Neste momento se identificam com elas e atribue-lhes significado. Ele permite que a criança aprenda o seu próprio nome, a grafia das letras, escreva seu nome e dos colegas, palavras de seu contexto de escrita, que descubram novas palavras e componham as já conhecidas pela classe.

          No site da Escola José Pasqualini, há um relato interessante de uma proposta de trabalho para o alfabeto, intitulada: Conhecendo o Alfabeto 1º Ano. Disponível em: http://josepasqualini.blogspot.com/2011/06/conhecendo-o-alfabeto-1-ano.html.

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Para saber mais, leia:

SOUZA, Aline Christiane Oliveira. O Alfabeto na Educação Infantil. 04. jun. 2011. Disponível em: http://nomundodainfancia.blogspot.com/2011_06_04_archive.html


Referência:
Rodrigo Ratier. O alfabeto não pode faltar. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/ele-nao-pode-faltar-427752.shtml.

ANDRADE, Luiza. Entrevista com Telma Weisz sobre alfabetização inicial. Nova Escola. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/aposte-alto-capacidade-alunos-429248.shtml.

KAUFMAN, Ana Maria. Entrevista com Ana Maria Kaufman sobre alfabetização. mar. 2009. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/aluno-precisa-refletir-431189.shtml.

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