domingo, 3 de julho de 2011

Escrever para aprender a escrever

Como se aprende a escrever?
Escrevendo, escrevendo...
E, NÃO copiando!

           Antigamente (infelizmente... em alguns contextos não tão antigamente) acreditava-se que bastava treinar a ortografia, ou melhor dizendo os aspectos gráficos da escrita para que a criança aprendesse a escrever. Assim, quando ela chegava à escola ela passava por um Período Preparatório para depois serem alfabetizadas. Uma série de atividades que iriam prepará-la eram lhes destinadas. Era uma tortura geral!... O movimento deveria ser treinado para aprender o traçado e depois as letras e mais tarde, quando já preparadas, ganhar o direito de se expressar por escrito.
           Mas, se escrever é um ato de comunicação e a criança desde muito pequena já se comunica, Como pode a escola não perceber isso? E foi assim que muitos estudiosos se incomodaram com tal fato e inciaram um busca sobre como a criança se apropria da escrita. Neste momento, então, cito Emília Ferreria uma das pesquisadores que revolução o entendimento sobre como a criança aprende a escrever e é muito citada pelos seus estudos na área.
           Ao escrever a Psicogênese da Língua Escrita, Ferreiro não apresenta somente o resultado de uma pesquisa científica, mas causa uma grande resolução no: entendimento de como a criança se apropria da escrita, e; por conseguinte nos métodos de alfabetização. A autora nos alerta que a criança não precisa ser treinada para depois aprender a escrever e que durante o processo de aprendizagem da escrita ela constrói hipóteses e as testa, sendo que neste momento cabe ao professor criar condições para que ela entenda a forma convencional de se escrever.
           O ensino da escrita convencional é de responsabilidade da escola, mas a criança já é escritora  e gosta de praticar tal ato mesmo antes de entrar na escola. Para conferar tal gosto basta visitar casas com bebês ou falar com mães de crianças bem pequenas: todas elas tem histórias para contar, referente as escritas de seus filhos nas paredes ou móveis. Deste modo, é importante que a escola tome para si tal informação e repense seu fazer pedagógico.
           Promover um período preparatório para depois ensinar a criança a escrever, ou mesmo ensinar cada letra (em sequência) para depois então propor práticas com usos sociais de escrita não a tornará escritora. Ensinar somente os aspectos gráficos da escrita não permite que alguém se aproprie da linguagem de modo a se sentir seguro para escrever. O que cabe a escola, então, é fomentar a escrita em situações significativas para que a criança aprenda e entenda. "Não sendo um objeto de uso meramente escolar, as instituições educativas devem, ao trabalhar o processo de alfabetização das crianças, apresentar a escrita de forma contextualizada nos seus diversos usos." (BRASIL, 2004, p. 20).
           O professor deve propiciar momentos significativos de aprendizagem, partindo do entendimento da criança pequena, de como ela se desenvolve e como se apropria do código escrito, utilizar-se da própria linguagem da infância: o lúdico e contextualizar as atividades de acordo com usos e práticas da linguagem escrita. E, também ter um olhar apurado a respeito do como fazer, de maneira a contemplar os diferentes aspectos necessários para a aprendizagem da linguagem escrita, sem disconsiderar nenhum deles, como nos lembra o próprio MEC:

[...] possibilitar o acesso aos diversos usos da leitura e da escrita não é suficiente para que [as crianças de 6 anos] se alfabetizem. É necessário, além disso, um trabalho sistemático, centrado tanto nos aspectos funcionais e textuais, quanto no aprendizado dos aspectos gráficos da linguagem escrita e daqueles referentes ao sistema alfabético de representação. (BRASIL, 2004, p. 20. Grifo Nosso)

           Tal afirmação nos leva a perceber que o domínio da escrita advém de um trabalho bem articulado que contemple tanto as práticas e usos da linguagem quanto os aspectos gráficos da linguagem. Este trabalho porém precisa ser realizado em conjunto e não em separado como outrora. Ana Teberosky ao ser interrogada diz:

Nesse contexto, defendemos a integração de várias práticas pedagógicas. Mas o importante é que se leve em conta, além do código específico da escrita, a cultura e o ambiente letrados em que a criança se encontra antes e durante a alfabetização. Não dá para ela adquirir primeiro o código da língua e depois partir para a compreensão de variados textos. Nós acreditamos que ambos têm de ocorrer ao mesmo tempo, e aí está o diferencial da nossa proposta.  (TEBEROSKY)
           No documento intitulado: Ensino Fundamental de Nove Anos - orientações gerais, do Ministério da Cultura (MEC), registra-se que "Especificamente em relação à linguagem escrita, a criança, nessa idade ou fase de desenvolvimento, que vive numa sociedade letrada, possui um forte desejo de aprender, somado ao especial significado que tem para ela freqüentar uma escola." (2004, p. 18. Grifo Nosso.)
           Segundo estudos realizados pelo próprio MEC, a criança de 06 anos tem condições cognitivas de serem alfabetizadas, mesmo quando oriunda das camadas populares menos abastadas. Porém é preciso que a escola se preocupe com a formação qualitativa do aluno escritor dando-lhes condições de acesso e interação ao mundo letrado ao mesmo tempo que lhe informa a respeito dos aspectos formais da linguagem escrita convencional.
           O vídeo Alfabetização - escrever para aprender traz exemplos de como se pode ensinar a escrita de maneira articulada e significativa para que a criança realmente se torne um escritor e serve como referencial para o entendimento da necessidade de uma mudança mais que urgente na postura dos educadores em relação ao processo de alfabetização.

Alfabetização - Escrever para aprender (agosto)

                  "Mesmo ainda não dominando o sistema de escrita, as crianças devem tentar escrever. A atividade ajuda o aluno refletir sobre a escrita."

Acompanhe o trabalho realizado no segundo semestre de 2007 pela professora Mariluci Kamisaka, que dá aulas para 1ª série e alfabetiza todos os seus alunos até o final do ano.


Referências
NOVA ESCOLA. Alfabetização - Escrever para aprender (agosto). Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=T6UnGd6ywQA.

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Departamento de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental. Ensino Fundamental de Nove Anos - orientações gerais. 2004. Departamento de políticas de educação infantil e ensino fundamental. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/noveanorienger.pdf.

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